Cada reação do corpo durante o sexo está ligada a uma função cerebral. Veja o que acontece na hora H.
De repente, dá a impressão que o ambiente ficou muito mais
quente. Você sente o coração disparar gradualmente, até parecer que vai sair
pela boca. Os pelos arrepiam a cada toque, e a corrente sanguínea fica como um
rio sob uma tempestade.
Todos os sentidos estão extremamente sensíveis, e é ai que os
neurônios fazem do cérebro uma pista de corrida de fórmula 1.
E se for a primeira vez, as pernas e as mãos parecem que
ganham vontade própria de tanta tremedeira. Mas, da mesma forma que tudo se
acelera, no fim, parece que o tempo vai parando conforme o ritmo do coração,
lentamente diminui.
Fruto da imaginação?
Por mais fantasiosas que pareçam, todas essas reações durante
o sexo ocorrem devido a alterações em diferentes estruturas cerebrais que,
consequentemente influenciam no funcionamento de todo o corpo naqueles
momentos.
Como explica a professora de neurociência Marta Relvas, o
comportamento sexual do ser humano primordialmente não se desenvolveu devido
aos fins reprodutivos da espécie. A profissional explica que esses traços
comportamentais se originaram em decorrer “do desenvolvimento das bases
sensorial, motora, emocional, cognitiva, perceptiva e psíquica”.
Como funciona
Durante a relação sexual, o cérebro muda o funcionamento do
corpo temporariamente. Assim como acontece durante uma crise de ansiedade-
quando o órgão reage aumentando a produção de determinadas substâncias,
preparando a pessoa para uma situação de luta ou fuga – “no sexo, as áreas
cerebrais do hipocampo, hipotálamo e o córtex são ativadas durante a geração e
expressão de comportamentos de natureza emocional/sexual”, afirma Marta.
No auge
Quando o sexo atinge o ápice, ocorre uma explosão emocional.
O cérebro libera por meio do sistema límbico, o neurotransmissor dopamina, que
tem a função de promover a satisfação após a transa.
Conectado com esse processo também está ligado o sistema
glandular, responsável pela liberação de hormônios nas glândulas sexuais (isso
tudo ocorre de forma automática pelo corpo). E são exatamente esses hormônios,
como explica Marta Relvas, que impedem o cérebro de ter processos cognitivos
muito elaborados na hora H. A ação que segundo a especialista, pode ser
considerado um mecanismo de defesa do ser humano. Os responsáveis por toda essa
excitação e espasmos musculares involuntários são o hormônio adrenalina, o
neurotransmissor acetilcolina e o ácido gama-aminobutírico (GABA).
Depois dessa descarga adrenérgica, o corpo percorre o sentido
contrário para encontrar equilíbrio (homeostase). “Em outras palavras: enquanto
a adrenalina acelerea as ações das funções involuntárias do corpo, a dopamina e
a serotonina promovem a calma do momento, após o ato sexual”, finaliza a
professora.
Diferença entre os sexos
Em relação às questões de reação do corpo aos estímulos
cerebrais, ambas os sexos possuem grande semelhança. Isso porque a adrenalina,
dopamina e serotonina atuam igualmente para ambos.
O que muda nas respostas à relação sexual são os hormônios
que provocam seus comportamentos característicos: “na mulher, os hormônios
produzidos são: a ocitocina, a progesterona e o estrogênio, enquanto no homem,
a estimulação hormonal produz a vasopressina e a testosterona”.
Além disso, há outra peculiaridade que explicaria o porquê de
o orgasmo ser mais intenso nas mulheres. Pouco antes do tão esperado momento
platô, a desativação de regiões do lobo frontal é mais evidente no sexo
feminino. E isso sugere que, durante o orgasmo, ocorra a diminuição de
respostas racionais a estímulos emocionais e instintivos.
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